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Teatro Dulcina volta a respirar

Um dos centros culturais mais tradicionais da cidade, o Complexo Dulcina de Moraes (Conic) começa a se reerguer sob a intervenção do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Com a ação, resultado de denúncia de uma comissão de alunos e professores no ano passado, o espaço espera contar com o apoio da classe artística e o retorno do público em sua nova fase.

Na época, nossa reportagem esteve no Teatro Dulcina, onde encontrou uma situação desalentadora. Uma dívida de R$ 85 mil com a Companhia Energética de Brasília (CEB) havia deixado todo o complexo – composto pelos teatros Dulcina e Conchita, Galeria, laboratório de fotografia, biblioteca, acervo pessoal de Dulcina e pela Faculdade de Artes – no escuro, prejudicando espetáculos e aulas. As péssimas condições no teatro eram traduzidas em mofo, falta de iluminação e sonorização, além de muitas cadeiras quebradas.

Mutirões de limpeza feitos pelos próprios alunos, que tentavam manter o teatro em mínimas condições de uso. Naquele momento, o temor dos universitários da Faculdade Dulcina era o de não concluírem os cursos. Três vestibulares acabaram sendo cancelados.

Em meados de 2013, o MPDFT decidiu pela intervenção e o afastamento imediato dos dirigentes da Fundação Brasileira de Teatro (FBT), responsável pelo complexo. Os administradores judiciais Marco Antonio Schmitt Hannes e Luiz Francisco de Sousa, e a representante da Comissão de Alunos e Professores, Julie Wetzel, são os atuais responsáveis pelo local.

Agenda cultural

A nova gestão motivou alunos e professores a acionar a classe artística a ocupar o espaço. “Logo na sequência da intervenção, fizemos o festival de teatro Ocupa Dulcina, com mais de 30 atrações, todas voluntárias”, conta Julie Wetzel. Aproveitando a nova fase do complexo cultural, a atriz Ruth Guimarães faz única apresentação do espetáculo As Idades da Loba, amanhã, às 20h, no Teatro Dulcina.

Aos domingos, o espaço é alugado por uma igreja. E a agenda do teatro está reservada pelo próximos seis meses. “Contar com a presença do público da cidade neste momento de recuperação é muito importante”, afirma Wetzel.

Versão Oficial

Questionada se o GDF irá assumir a Faculdade Dulcina de Moraes, a Secretaria de Educação informou que existem articulações sobre o assunto. Já a Secretaria de Cultura informa que existe, sim, o pedido de doação para o Dulcina das cadeiras utilizadas no Teatro Nacional por parte da Fundação Brasileira de Teatro (responsável pela Faculdade). Apesar de o GDF ter interesse em fazer a doação, segundo nota Secretaria de Cultura, o que acontece hoje é que “não há instrumento jurídico e legal para tal porque as cadeiras não são patrimoniadas. Quando a obra foi feita, as cadeiras foram tombadas“. então não existe como doar”.

Pelo fim dos problemas financeiros

Como parte da nova fase do teatro, houve uma negociação com a CEB – o que garantiu o religamento da luz. Na sequência, aconteceu a retomada do vestibular e da vida acadêmia da faculdade. “Desde então, fizemos dois vestibulares, com uma média de cem matrículas em cada”, explica o interventor Luiz Francisco de Sousa.

Apesar das melhorias, o complexo ainda sofre os efeitos do rombo financeiro do qual foi vítima. As dividas trabalhistas são enormes. Segundo Luiz Francisco, os problemas financeiros ainda refletem na parte estrutural e administrativa do complexo, mas o momento é de arrumar a casa. “Nosso problema não é falta de aluno, nem de disposição. Nosso problema é financeiro”, desabafa. Para os envolvidos neste novo momento, esses seis meses da nova administração são de esperança.

Fonte: Jornal de Brasília

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