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Ópera Olga é a próxima atração do Festival de Ópera de Brasília

Depois do sucesso da ópera Carmen, de Bizet; e da homenagem ao bicentenário dos compositores Verdi e Wagner, a Secretaria de Cultura do Distrito Federal apresenta, nos dias 03, 05 e 07 de julho a Ópera Olga, do maestro Jorge Antunes.

Escrita entre as décadas de 80 e 90, a obra narra a saga da revolucionária Olga Benário Prestes e utiliza a música do compositor carioca para contar parte importante da história do Brasil.

De acordo com o compositor Jorge Antunes, a história de Olga Benário Prestes lhe é familiar desde a infância, quando lhe foi contada por sua mãe. A idéia de escrever uma ópera sobre a militante e revolucionária alemã foi cultivada por ele durante décadas. Iniciada em 1987, a composição só terminaria dez anos depois.

O libreto da ópera foi escrito pelo poeta carioca Gerson Valle, amigo e ex-aluno de Antunes. A base para o texto não foi o conhecido livro Olga, de Fernando Morais, mas sim a obra homônima publicada na Alemanha em 1962 por Ruth Werner — que foi companheira de Olga no campo de concentração.

Texto e música foram escritos simultaneamente, segundo o compositor. Encerrada a composição do primeiro ato, ainda em 1987, o trabalho foi interrompido para a realização de outros projetos. Em 1989, Antunes e Valle escreveram o segundo ato da ópera, contando com uma bolsa concedida pela Fundação Vitae.

Após nova e mais longa interrupção, o terceiro ato foi composto entre 1995 e 1997. Nesse período, com bolsa cedida pelo CNPq, Antunes viajou à Alemanha, onde pesquisou cantos revolucionários e esclareceu uma série de questões sobre os sete últimos anos da vida de Olga, passados em três diferentes campos de concentração.

Em 1988, compositor e libretista visitaram Luís Carlos Prestes, que leu a sinopse da ópera e fez uma série de correções. A filha de Olga e Prestes, Anita Leocádia, acompanhou o trabalho de composição ao longo dos dez anos e também sugeriu mudanças.

Jorge Antunes conta que Olga "usa uma linguagem musical moderna. De modo eclético, adota o uso de melodias neotonais mescladas à música experimental". Na partitura existem inserções eletroacústicas, referências ao folclore nordestino e citações à ópera Tristão e Isolda, de Richard Wagner, entre outros elementos.

A História

1º Ato

1º Quadro: Sala de audiências da prisão de Moabit, Berlim, 1928. O prisioneiro Otto Braun, ao ser interrogado pelo Secretário Superior, é libertado por membros da Juventude Comunista Alemã, liderados por Olga Benário. Em cena, representada por uma bailarina, está a Justiça, que se preocupa com o peso de sua balança e treme quando a ação contestadora de jovens escapa-lhe das mãos.

1º Interlúdio: Três cantadores nordestinos narram as façanhas da Coluna Prestes. O cenário despojado exalta personagens da caatinga, os casebres e o camponês pobre. Uma procissão passa ao fundo.

2º Quadro: Sala do Comintern, Moscou, 1934. O Coro de Funcionários dá o tom irônico à burocracia soviética. O Secretário Dmitri Manuilski apresenta Prestes a Olga, dando a ela a missão de dar proteção a Prestes em seu projeto revolucionário no Brasil. Na "Ária de Olga", a heroína fala de seu compromisso com a liberdade. Em um trio, Prestes, Manuilski e Olga congratulam-se pela missão.

2º Ato

1º Quadro: Prestes e Olga encontram-se em um navio, durante a travessia da Europa para a América do Norte, quando se sentem envolvidos sentimentalmente. O filtro que bebem os compromete com a paixão pelo socialismo. A cena, que começa com os dois discutindo seus planos revolucionários, mostra aos poucos a transformação dos dois personagens que gradativamente se voltam para eles mesmos. Na "Arieta de Prestes", o revolucionário brasileiro fala da sociedade que quer construir. Ao final, os dois se encaminham para a cama.

2º Interlúdio: Balé eletrônico que remete à ópera Tristão e Isolda, de Richard Wagner.

2º Quadro: Praia de Ipanema, no Rio de Janeiro. Após saírem da praia, Olga, Elise e Carmen se dirigem à rua Barão da Torre para uma reunião com os revolucionários Prestes, Baron, Ghioldi e Ewert. No rádio, a voz do ditador Getúlio Vargas declara a ilegalidade da ALN. No "Septeto Pitoresco", os sete personagens discutem estratégias.

3º Interlúdio: O levante revolucionário eclode no Rio de Janeiro. Pequenos jornaleiros apregoam as manchetes dos jornais cariocas que falam da malograda revolta nos quartéis, da prisão do casal Ewert e da caçada que a polícia faz a Luís Carlos Prestes. Na "Ária de Filinto Müller", o vilão, chefe de polícia, dá indícios das razões de seu ódio pelo Cavaleiro da Esperança. É carnaval. Filinto proíbe o uso de máscaras, pois sua caçada a Prestes há de ser implacável.

3º Quadro: Num quarto modesto no Méier, Prestes e Olga procuram ocupar o tempo, escondidos da polícia. No "Dueto de Amor", falam da experiência fraterna de felicidade que vivem no quarto da velha casa do subúrbio carioca. A polícia invade a casa e prende o casal.

3º Ato

1º Quadro: Prestes está preso. Os policiais de Filinto Müller torturam Baron e o atiram pela janela. O casal Ewert é torturado.

1º Interlúdio: Grades por todo lado. Na "Segunda Ária de Filinto Müller", o vilão se pergunta: "Quem será a tal mulher de Prestes?".

2º Quadro: Presídio da rua Frei Caneca. Os prisioneiros cantam solenemente a Internacional. Ghioldi faz discurso em que repudia as garras afiadas do fascismo, mas aponta para esperanças no futuro anunciando aos companheiros de cela que: Olga está grávida. Alegria geral. Filinto Müller reprime a manifestação e leva Olga.

2º Interlúdio: Olga dá à luz Anita na prisão de mulheres em Berlim. Depois de 14 meses de convívio, a criança acaba sendo cruelmente arrancada das mãos da mãe.

3º Quadro: Duas cenas simultâneas abrem o quadro. Uma se passa na cela em que Olga está presa na Alemanha, no campo de concentração de Ravensbrück. A outra acontece na cela da rua Frei Caneca em que Prestes está preso. Sobral Pinto visita Prestes trazendo-lhe carta de Dona Leocádia. Olga também recebe carta da sogra, através da qual é informada da liberdade de Anita. Olga canta a "Ária Anita Livre", enquanto Prestes lê a carta. Em Ravensbrück, Olga é submetida a um "exame de raça". Sobral Pinto tenta convencer Prestes a aceitar sua defesa. O médico nazista declara que Olga, por ser aloirada, não é totalmente judia. Diz a ela que, se quiser, poderá mudar-se para o bloco das presas políticas. Olga não aceita, pois as judias do bloco 11 precisam de seu apoio. No campo de concentração de Ravensbrück, Olga e algumas de suas companheiras recebem a notícia de sua transferência para Bernburg. As paixões dos movimentos radicais acabam por desenterrar forças mais profundas no ser humano. Olga, ao ser levada para a câmara de gás, fala, com esperança, no novo dia que há de nascer. (com informações da Revista Germina de Literatura)

Fonte: Site da Secretária de Cultura do Distrito Federal

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