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Enquete mostra que 94% dos internautas boicotariam eventos culturais caros

Associar individualismo e internet "é um erro grosseiro", disse o filósofo Michel Maffesoli em entrevista ao jornal Zero Hora, de Porto Alegre.

– A internet é o "nós" – destaca Maffesoli.

Na última semana, uma enquete no site do diario.com mostrou que 94% dos internautas aceitariam participar de um boicote coletivo a um evento cultural cujo ingresso fosse considerado caro.

Mas, enquanto os sistemas de crowdfunding – plataformas de canalização da vontade do público por meio da internet, que já trouxeram shows de Andrew Bird e da cantora Céu a Florianópolis – tem como alvo central a cultura e o lazer, a área é uma das menos avançadas quando o assunto é dar voz aos reclames do consumidor – ou seja, os vários "eus" muitas vezes não conseguem chegar ao "nós".

Lançado há poucas semanas, o site BoicotaSP é um dos primeiros do país a colocar um ponto de interrogação sobre a forma natural com que a população aceita pagar os preços impostos pelo mercado, incentivando os consumidores a boicotar bares e restaurantes com preços abusivos – ao contrário do site SP Honesta, que divulga os estabelecimentos com valores acessíveis.

Leia mais na entrevista com um dos sócios do BoicotaSP, Danilo Corci, concedida por e- mail.

ENTREVISTA: Danilo Corci sócio do BoicotaSP

A página tornou mais palpável a ideia de que é possível gerar consequências maiores sobre questões cotidianas ou existe uma espécie de vontade de " vingança" do consumidor que se sente lesado?

O grande lance do BoicotaSP é gerar a discussão, levantar a bola para todos os motivos que levam a cidade de São Paulo a ser uma das mais caras do mundo. Acho que com a tomada de consciência de todos, os abusos podem e vão diminuir porque as pessoas não vão pagar por aquilo. Não se trata de vingança, e sim de uma questão de cidadania, de construir um consumidor mais maduro. Se há, no centro de SP, um restaurante que cobra R$ 36 num omelete de queijo e tomate, naturalmente ele irá empurrar os preços dos outros lugares para cima. É uma lógica perversa.

Falta uma consciência de consumo por parte da população?

O brasileiro precisa aprender sobre o princípio econômico chamado " disposição a pagar". Ele rege o mercado, e os preços no país estão astronômicos porque o brasileiro é disposto a pagar muito por pouco. A partir do momento em que os consumidores ajustam essa disposição para um patamar justo, o mercado não tem outra escolha a não ser se adaptar. O problema é que estabelecimentos pressionam os preços para cima e os consumidores assimilam esses aumentos.

O BoicotaSP é focado em bares e restaurantes. Vocês também acatariam a proposta de boicote a um show ou espetáculo cultural considerado caro?

A lógica é a mesma, inclusive fomos os primeiros a dar os valores cobrados no Cirque du Soleil: R$ 28 na pipoca, R$ 11 no picolé.

Como tem sido a resposta dos estabelecimentos boicotados?

Assim como para os consumidores, acho que para eles a plataforma também é nova. Alguns respondem de maneira clara e objetiva, explicando por que eles chegam naqueles preços. Outros se fazem de coitadinhos. Mas acho que, com o tempo, o BoicotaSP pode se tornar uma excelente ferramenta de marketing para os estabelecimentos, olhando o que os consumidores falam e querem e entregando isso para todos.

Fonte: Diário Catarinense

Fonte: www.ebc.com.br

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