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Investidores fazem preços de violinos inflarem

O ruído no interior do Metropolitan Pavilion, no bairro de Chelsea, em Nova York, era o de qualquer feira setorial, exceto pelo som de violinos entremeado com o rumor das vozes.

Era o dia da inauguração da Mondomusica New York, rebento do maior evento da indústria de instrumentos de corda do mundo, que durante anos foi realizado em Cremona. Os violinos que saíram dessa cidade no norte da Itália nos séculos 17 e 18, assinados por nomes como Stradivari, Guadagnini e Guarneri del Gesù, ainda são os mais cobiçados do mundo.

Muitos visitantes da feira eram musicistas em busca de um instrumento, profissionais que davam olhares lânguidos para os tesouros do século 18 que os comerciantes exibiam em caixas de vidro. No entanto, dificilmente um musicista conseguiria comprar algum desses instrumentos. Com o preço de um Stradivarius entre US$ 2 milhões e US$ 18 milhões, o mercado é dominado por filantropos, fundações e fundos de investimento. "Os salários dos musicistas são muito baixos para os preços desses instrumentos", disse Christophe Landon, que restaurou, vendeu e avaliou instrumentos raros durante mais de quatro décadas.

Com frequência, os solistas dependem da generosidade de um proprietário rico ou de uma fundação para usar um instrumento de alto nível, que é somente emprestado ao musicista. Quando uma instituição adquire um instrumento, é improvável que ele entre no mercado novamente, levando a uma reserva cada vez menor de instrumentos disponíveis.

Em 2011, a Fundação Nippon Music, que formou uma coleção de mais de uma dúzia de instrumentos de primeira linha que ela empresta aos músicos, vendeu o Lady Blunt Stradivari --que havia mudado de mãos em 1971 por US$ 200 mil-- por US$ 15,9 milhões.

Recentemente, um comprador anônimo adquiriu para uso da violinista Anne Akiko Meyers o Vieuxtemps Guarneri del Gesù, que estava à venda por US$ 18 milhões, por um valor não revelado que teria sido um recorde.

Esses instrumentos raros são uma proposta atraente para os investidores.

Landon é sócio do Artist Rare Instrument Fund, um "hedge fund" (fundo de investimentos de alto risco) que pretende comprar não apenas Stradivarius, mas também participações em violinos ou violoncelos valiosos de propriedade de solistas que concordam em vender ao fundo uma parte de seu capital em instrumentos.

Kerry Keane, especialista internacional e diretor de instrumentos musicais na casa de leilões Christie's, disse: "O que torna um violino raro diferente de outros bens colecionáveis é a sinergia que acontece ao colocá-lo nas mãos de um artista". "Sem isso, você está apenas lidando com uma escultura que parece um violino", acrescentou.

Fonte: Folha de São Paulo

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